“Eles estão procurando um plano B, alguns deles para se mudarem e outros para ter uma autorização de residência, ou seja, o Golden Visa, que lhes permite sentir que têm a liberdade de sair se precisarem”, disse a cofundadora Filipa Pinto de Carvalho.
A tendência percebida pelo escritório da AGCP reflete algo que ficou visível logo na noite das eleições quando o motor de busca Google registou um aumento nas buscas por “mudar-se para Portugal”.
No ano passado, o número de norte-americanos residentes em Portugal aumentou 44,2% para mais de 14.000 e o turismo continua a crescer.
Com 80% dos clientes norte-americanos localizados na Califórnia, o pico que a AGCP está enfrentando é semelhante ao que aconteceu durante a pandemia de Covid-19 — e espera-se que continue em 2025, com o ambiente político e social na raiz do aumento.
“Há algum desânimo com um sentimento de grande divisão no país”, disse Filipa Pinto de Carvalho. “Muitos deles também se referem ao fato de terem filhos pequenos e quererem outro ambiente, para poder proporcionar segurança aos filhos, outro tipo de vida em uma sociedade com menos tensão, com menor sensação de divisão”.
A escolha de Portugal em relação a outros países europeus deve-se, segundo os interessados, às suas semelhanças com a Califórnia. “Eles sentem que há um grande conforto na semelhança que encontram do ponto de vista de um espírito de abertura, de uma mistura cultural”, disse o executivo
.Outros fatores mencionados são estilo de vida, bom clima, bom vinho e comida, mas Filipa Pinto de Carvalho diz que o país está se diferenciando em outros aspectos: há referência à qualidade dos projetos, inovação e profissionais.
Inovação
“As pessoas mais ligadas ao empreendedorismo e inovação ou ao investimento e capital de risco sentem no ecossistema que veem crescer em Portugal aquela bolha inicial de entusiasmo, um espírito muito colaborativo que sentiram há 20 ou 30 anos em São Francisco”, disse
à Lusa.A maioria dos americanos que estão pedindo ajuda à AGCP está buscando vistos dourados, com foco em fundos de investimento, ou a formação de empresas locais para contratar trabalhadores.
“Acho que é muito positivo e revela também essa maturidade do ponto de vista do que Portugal está a oferecer e da forma como é percebido por quem está fora”, destacou o responsável. Isso se conecta a outra tendência crescente de empresas já estabelecidas nos Estados Unidos que olham para Portugal como um mercado de teste e porta de entrada para a Europa.
Filipa Pinto de Carvalho também é cofundadora da RedBridge, que procura criar sinergias entre Portugal e a Califórnia, e disse que percebe uma maior vontade de causar um impacto positivo por parte dos empreendedores norte-americanos.
“Já vi muitas pessoas que, quando tomam a decisão de se mudar, querem vir e aproveitar o que está lá, mas também querem ter um impacto positivo no que consideram ser sua nova comunidade”, disse ele.