O processo de notificação sobre pedidos de manifestação de interesse, recurso que permitiu a legalização de imigrantes que não tinham visto de trabalho, já “enviou relatórios a entidades com poderes de inspeção e investigação criminal relativos a mais de mil cidadãos estrangeiros registrados no mesmo endereço”, segundo a AIMA.

“A AIMA está realizando uma verificação exaustiva de todos os endereços declarados nesses processos e reportando continuamente às autoridades”, acrescentou a mesma fonte.

“Dado que um grande número de cidadãos estrangeiros indicou o mesmo endereço do seu local de residência, a AIMA tem o dever de comunicar esse fato às entidades competentes”, justificou ainda a agência.

Nas últimas semanas, surgiram notícias sobre muitos casos de endereços em que dezenas de pessoas estão cadastradas.

Esses casos ficaram evidentes depois que a AIMA notificou “todos os mais de 440.000 cidadãos que haviam registrado manifestações de interesse e aguardavam uma resposta do Estado há vários anos”.

“Desse total, cerca de 170 mil cidadãos estrangeiros não pagaram as taxas legalmente devidas para continuar com seu processo”, razão pela qual a AIMA enviou, “por carta registrada, um aviso de rescisão correspondente a cada um dos processos em questão, conforme exigido por lei”.

Assim, de acordo com a AIMA, “só agora é possível realizar essa análise e verificar a identidade dessas pessoas, bem como onde elas supostamente residem”.

A comunicação às autoridades de casos envolvendo cidadãos estrangeiros com o mesmo endereço foi feita pela AIMA sob instruções do governo, disse à Lusa fonte da Presidência do Conselho de Ministros.

No início de fevereiro, começou o julgamento de uma suposta rede de assistência à imigração ilegal que operava na Penha de França, em Lisboa, com um endereço indicado por mais de 1.600 pessoas como sendo sua residência.

Os crimes em jogo incluem auxílio à imigração ilegal, falsificação de documentos, associação com auxílio à imigração ilegal e abuso de poder.