Em declarações telefónicas à Lusa, Pedro Moutinho disse que o cumprimento dos serviços mínimos está a "minorar os efeitos" da greve dos trabalhadores da higiene urbana.

O colégio arbitral da Direção Geral da Administração e do Emprego Público(DGAEP) decretou serviços mínimos para a greve na área da higiene urbana em Lisboa, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Lisboa(STML) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local(STAL), entre o Natal e o Ano Novo.

"A adesão é inferior a 50% neste momento, um número que ainda é muito elevado, pois qualquer coisa acima de 10 ou 15% já teria impacto", admitiu Pedro Moutinho.

Anteriormente, o STML tinha colocado a adesão à greve nos 60%, justificando a descida - na quinta-feira atingiu os 80% - com a introdução de serviços mínimos, que considera desproporcionados e para os quais apresentou uma providência cautelar, que ainda aguarda decisão do Tribunal.

Os trabalhadores da higiene urbana do município estão em greve desde quarta-feira até 2 de janeiro, por horas extraordinárias, e na quinta-feira e hoje estão em greve total.

Para o Ano Novo, estão previstas greves normais e extraordinárias no período noturno, entre as 22 horas do dia 1 e as 6 horas do dia 2 de janeiro.

"Estamos a conseguir retirar muita coisa, mas o lixo continua a acumular-se", informou hoje o diretor da higiene urbana.

"A pressão é grande", disse, reiterando o apelo à população para que não deposite resíduos selectivos (vidro, embalagens, papel) nos ecopontos.

Esta manhã, foram garantidos 38 circuitos de recolha, indicou, reconhecendo, no entanto, que está "atrasado".

Segundo o STML, os serviços mínimos decretados estão a assegurar cerca de metade dos circuitos de recolha habituais.

Pedro Moutinho disse ainda esperar que o fim da greve total - a paralisação nos próximos dias e até 2 de janeiro vai limitar-se apenas ao trabalho extraordinário - "alivie alguma da pressão" e permita "recuperar o que foi acumulado" num concelho onde são recolhidas 900 toneladas de lixo por dia.

Os sindicatos justificam a realização da greve com a falta de respostas do executivo municipal, liderado por Carlos Moedas (PSD), aos problemas que afectam o sector da higiene urbana, nomeadamente o cumprimento do acordo assinado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

De acordo com dados do STML, 45,2% das viaturas essenciais para a remoção estão inoperacionais, 22,6% do efetivo está fisicamente reduzido ou afastado devido a acidentes de trabalho e há um défice de 208 trabalhadores.

A Câmara de Lisboa garantiu que 13 dos 15 pontos principais do acordo assinado em 2023 estão a ser cumpridos.

Os dois restantes - obras nas instalações e abertura dos bares a toda a hora e em todas as unidades - estão em fase de conclusão, indicou.

Para minimizar os efeitos do protesto, a autarquia decidiu implementar um conjunto de medidas, nomeadamente criar uma equipa de gestão de crise, disponível 24 horas por dia; distribuir contentores de obra, em várias regiões da cidade, para deposição de lixo; pedir aos cidadãos que não coloquem lixo na rua, sobretudo papel e cartão; apelar aos grandes produtores para que façam a recolha durante estes dias; e pedir a colaboração dos municípios vizinhos, com a possibilidade de recorrer a eco-ilhas móveis.

A greve convocada pelo STAL estendeu-se, na quinta-feira e hoje, ao sector dos resíduos urbanos no concelho vizinho de Oeiras e a vários municípios da região Norte.