Na sua essência, esta expressão encoraja os indivíduos a projectarem confiança e a comportarem-se como se já tivessem alcançado as suas aspirações, com a ideia de que esse comportamento acabará por conduzir ao sucesso real. Mas será que esta noção se baseia em princípios psicológicos ou comporta riscos para a saúde mental?

A psicologia por detrás do "fingimento"

A ideia de "fingir" pode ser analisada através da lente da psicologia social, particularmente do conceito da teoria da auto-perceção. Esta teoria postula que os indivíduos formam a sua auto-identidade observando o seu próprio comportamento e o contexto em que este ocorre. Quando as pessoas adoptam comportamentos confiantes - como falar de forma assertiva ou vestir-se de forma profissional - podem começar a perceber-se como mais competentes e capazes. Para além disso, o conceito de dissonância cognitiva apoia esta ideia. Quando as crenças de uma pessoa sobre si própria não se alinham com os seus comportamentos (por exemplo, sentir-se insegura mas agir com confiança), o desconforto resultante pode motivá-la a mudar as suas crenças para se alinhar com as suas acções. Isto pode promover um ciclo de feedback positivo, em que agir "como se" conduz a sentimentos genuínos de confiança e competência.

Os benefícios de "fingir"

Um dos benefícios mais imediatos de "fingir" é o aumento da auto-confiança. Ao adotar uma linguagem corporal confiante e uma conversa interna positiva, os indivíduos podem mudar a sua mentalidade e abordar os desafios com maior segurança. O desempenho pode melhorar quando os indivíduos visualizam o sucesso ou incorporam os traços a que aspiram. Um comportamento confiante pode levar a um melhor desempenho no trabalho, a interações sociais mais intensas e a uma liderança mais eficaz. Em muitas situações profissionais e sociais, a projeção da confiança pode levar a uma maior aceitação e respeito por parte dos colegas. Esta auto-apresentação pode abrir portas a novas oportunidades e redes que, de outra forma, não estariam acessíveis. Fingir confiança em situações difíceis pode ajudar as pessoas a desenvolver a resiliência. Quando enfrentam desafios enquanto projectam confiança, podem aprender a lidar melhor com eles e a ultrapassar os obstáculos de forma mais eficaz.

Os custos de "fingir"

Fingir continuamente ser algo que não se é pode alimentar sentimentos de auto-dúvida e síndrome do impostor. Os indivíduos podem sentir-se como fraudes, com medo de serem "descobertos". Isto pode levar à ansiedade, depressão e falta de realização. Quando as pessoas se concentram demasiado em projetar confiança, podem perder o contacto com o seu "eu" autêntico. Esta desconexão pode levar a um aumento do stress e da insatisfação, especialmente se o seu comportamento exterior contrastar fortemente com os seus sentimentos interiores. O esforço necessário para "fingir" constantemente pode ser mental e emocionalmente desgastante. Com o tempo, isto pode levar ao esgotamento, especialmente para aqueles que sentem que devem manter uma imagem a todo o custo. As relações baseadas numa fachada de confiança podem carecer de profundidade. Se os indivíduos não forem autênticos nas suas interações, podem ter dificuldade em estabelecer ligações genuínas, o que leva a sentimentos de isolamento.

Atingir o equilíbrio

A chave para tirar partido dos benefícios de "fingir" e, ao mesmo tempo, atenuar os riscos reside em encontrar um equilíbrio entre confiança e autenticidade. Em vez de se limitarem a adotar comportamentos que demonstrem confiança, os indivíduos devem também trabalhar no desenvolvimento das suas competências e na compreensão de si próprios. Esta dupla abordagem pode reforçar o crescimento pessoal e garantir que a confiança projectada assenta em capacidades genuínas. Os indivíduos podem beneficiar da definição de objectivos realistas, da procura de feedback e da autorreflexão. Ao reconhecerem os pontos fracos e as áreas a melhorar, podem trabalhar no sentido de se tornarem o seu melhor "eu", continuando a projetar positividade e confiança em situações difíceis. O objetivo deve ser o de desenvolver uma autoconfiança genuína que resulte tanto de um comportamento autêntico como de um auto-aperfeiçoamento contínuo. Esta abordagem equilibrada fomenta a resiliência e a realização, permitindo que os indivíduos "consigam" nas suas vidas, mantendo-se fiéis a si próprios.

Leia a seguir: Confiança Parte 2: Descodificar e desbloquear a confiança


Author

Jelena Pal, a clinical psychologist originally from Germany, spent a significant part of her life in the United States, where she lived cumulatively for ten years. During this time, she pursued her passion for understanding the human mind and behavior, earning a Bachelor of Arts in Psychology and Sociology, followed by a Master of Arts in Clinical Psychology and serving many clients. She now brings her expertise to the Algarve, where she is dedicated to providing compassionate and insightful support for those seeking to enhance their well-being. Whether you are seeking support for anxiety, depression, relationship issues, or personal growth, she is serving you online, at home, or at the Family Medical Centre in Vale do Lobo (palmentalhealthalgarve.com; family-medical-centre.pt).

Jelena Pal