Entre 2014 e 2024, quase metade (46%) dos genéricos da lista de medicamentos essenciais da União Europeia (UE) foram disponibilizados por apenas um fornecedor, um número que quase dobra quando se olha para empresas com a maioria (60%) da participação de mercado. A própria Teva, uma das maiores empresas de genéricos do mundo, é responsável por esse fornecimento, enquanto a Sandoz lidera
a produção europeia.O estudo “Generic Health Check Europe 3.0” conclui que existem dois grandes problemas na indústria: a rápida concentração de medicamentos genéricos essenciais, três vezes mais rápida que a de outros genéricos, o que constitui um “risco real efetivo” para a segurança do abastecimento na Europa, e a falta de fornecimento diversificado (de diferentes fabricantes) de genéricos essenciais em áreas como cardiologia, oncologia, saúde mental ou antibióticos.
De acordo com pesquisas clínicas, relatórios comerciais e empresa de tecnologia de saúde IQVIA, 83% dos produtos genéricos vêm do mesmo fornecedor.
“Essa incerteza é ainda maior pelo nível preocupante de consolidação de fornecedores e pela saída do mercado de alguns genéricos essenciais, uma tendência observada nos últimos anos, principalmente devido a tensões geopolíticas, desafios econômicos e novas demandas políticas, que colocam em risco a saúde dos pacientes”, apontam os autores.
Enquanto o preço dos bens de consumo aumentou 30% naquela década, os preços médios dos medicamentos genéricos prescritos caíram quase 8%.
“Os pacientes dependem do acesso confiável a tratamentos acessíveis e de alta qualidade, mas a consolidação contínua de fornecedores e a saída de medicamentos essenciais do mercado ameaçam esse acesso”, alerta o CEO da Teva Portugal, em um comentário publicado junto com o relatório científico.
“Reduzir as pressões sobre os fabricantes de medicamentos genéricos é essencial para proteger o atendimento ao paciente e garantir a sustentabilidade a longo prazo dos sistemas de saúde europeus. Para medicamentos genéricos essenciais, é ainda mais importante que haja uma rede de abastecimento confiável e diversificada”, apela Marta González,
criticando a falta de flexibilidade de preços.