Em reunião privada do executivo municipal, as duas propostas relativas aos novos hotéis foram aprovadas com votos contra do PCP, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e BE, abstenção do PS e votos a favor da liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, informou à Lusa fonte da autarquia.
Assinada pela vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação "Novos Tempos" PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), a proposta relativa aos edifícios do Hospital de São Luís dos Franceses, no Bairro Alto, na freguesia da Misericórdia, prevê uma obra de ampliação, com recurso a demolições parciais, para a instalação de "um estabelecimento hoteleiro de 5 estrelas, com 68 unidades de alojamento, das quais 4 são quartos individuais, 62 são quartos duplos e 2 são suites".
A operação urbanística incide sobre um prédio urbano com uma área total de 1.567.30 m² (metros quadrados), referente ao antigo Palácio do Cunhal das Bolas, composto por seis edifícios, atualmente ocupado pelo Hospital de São Luís dos Franceses, e que, de acordo com o regulamento do Plano de Urbanização do Centro Histórico do Bairro Alto e da Bica (PUNHBAB), se localiza na "zona residencial histórica I" e integra a Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico, sendo "parte integrante de um Conjunto de Interesse Público - Bairro Alto, de relevância nacional e sujeito à proteção da PI Património Cultural".
O licenciamento da obra, requerido por Mercan Property Bairroalto, Lda, na qualidade de proprietária do prédio sito na Rua da Rosa n.º. 181-197 e Rua Luz Soriano no. 178-182, "consubstancia a preservação da estrutura original" do Palácio Cunhal das Bolas, "assumindo-se o conjunto com a justaposição de partes distintas, dotadas de linguagens diferentes, que se complementam, incluindo a manutenção da entrada principal através do pátio da Rua Luz Soriano".
De acordo com a proposta, o edifício previsto para o novo hotel tem cinco pisos acima da cota de soleira e cave, com uma área útil de 5.751,58 m², mantendo-se as cérceas máximas da fachada e do edifício existentes.
A aprovação do projeto de arquitetura para esta obra está sujeita à "apresentação de parecer conclusivo favorável do IP Património Cultural, que deverá abranger os aspectos de arquitetura, arqueologia e paisagismo", e à "substituição da placa com a inscrição de Fernando Pessoa, que se encontrava junto ao portão principal".
O poeta Fernando Pessoa foi internado a 29 de novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, onde acabou por falecer no dia seguinte, aos 47 anos.
Na reunião, a câmara aprovou ainda o projeto de arquitetura, a realizar no edifício da Rua Tomás Ribeiro n.º 49, na freguesia das Avenidas. 49, na freguesia das Avenidas Novas, com uma área de 1.022,48 m², para a construção de um hotel de 4 estrelas, com capacidade para 117 unidades de alojamento.
"O novo edifício, com uma área de construção de 925,43 m², área útil de 5.218,01 m², área de construção de 8.067,25 m², tem sete pisos acima da cota de soleira mais um piso recuado e quatro pisos abaixo da cota de soleira e altura máxima de construção e fachada de 27,10 m e 21,45 m, respetivamente", segundo a proposta.
A aprovação deste projeto, apresentado pela Predurba - Prédios Urbanos SA, na qualidade de proprietária do edifício, está sujeita ao cumprimento dos pareceres das diversas entidades consultadas.
Em comunicado enviado após a aprovação destas propostas, a concelhia do BE criticou a construção de dois novos hotéis em Lisboa, nomeadamente o que está previsto para o Palácio Cunhal das Bolas, dizendo que "é um imóvel classificado que será esventrado e passará a ser um hotel numa zona totalmente saturada pelo turismo".
"Desde o início do mandato de Carlos Moedas (PSD), foram abertos dois hotéis por mês, o que mostra o excesso de turismo a que Lisboa tem sido sujeita", explicou o BE, indicando que nesta reunião foi também discutida uma nova residência privada para estudantes nas Olaias, lamentando a falta de propostas para residências públicas.