Na quinta-feira, começa a época balnear em Albufeira, o concelho algarvio com maior número de praias, e vários concessionários admitiram à Lusa que continua a ser difícil recrutar nadadores-salvadores, razão pela qual têm investido na contratação atempada destes profissionais.

Luís Martinho, da Associação dos Industriais e Concessionários Similares das Praias do Litoral Algarvio (AISCOMA), aponta como razões para esta dificuldade "a falta de interesse" dos portugueses pela atividade, por ser sazonal e também não ser reconhecida como profissão.

"Há uns anos, tínhamos jovens à procura de actividades para ocupar os três meses das férias escolares de verão, mas o prolongamento da época estival para seis meses fez com que a procura baixasse significativamente", salientou.

Segundo o empresário, que também tem concessões em várias praias do Algarve, "não é uma profissão com futuro garantido nem é possível viver dela todo o ano". Mesmo assim, nas concessões que gere, consegue manter os mesmos nadadores-salvadores há vários anos.

"O protocolo [do Instituto de Socorros a Náufragos] que existe com o Brasil tem ajudado, sobretudo nas praias maiores, que trabalham com associações, mas mesmo esse só cobre a época balnear", sublinha.

Luís Martinho prevê que o futuro pode ser complicado, defendendo a importância de valorizar a profissão para que mais jovens a queiram seguir.

"Se a profissão não for reconhecida, vai ser cada vez mais difícil garantir a segurança nas nossas praias", alertou.

António Vaz, concessionário da Praia dos Salgados, em Albufeira, disse à Lusa que fez tudo para garantir que estaria preparado para a época de verão, tendo começado a procurar nadadores-salvadores em janeiro, e tem agora a equipa completa, com dois nadadores-salvadores do Brasil.

No entanto, o recrutamento é um "problema que afecta toda a gente", admitiu, considerando que todos os anos "é cada vez mais difícil", sobretudo no Algarve, onde há "um grande problema" de alojamento devido aos preços praticados.

Jorge Azevedo, da Associação de Nadadores-Salvadores de Albufeira (ANSA), afirmou que o problema do recrutamento "continua a ser o mesmo de outros anos, porque há cada vez menos procura de jovens para esta atividade", com o problema acrescido de haver quem trabalhe um ou dois anos e depois deixe de trabalhar.

Trabalhadores estrangeiros

No entanto, o "problema tem sido atenuado" com a contratação de profissionais credenciados do Brasil e da Argentina, dois países que têm contribuído "muito para garantir a segurança das praias portuguesas".

"A maior parte dos concessionários das zonas balneares é obrigada a recrutar nadadores-salvadores, ao abrigo do protocolo com o Brasil, para garantir a segurança das praias", salientou.

Em Albufeira, acrescenta, há um aspeto diferente, "porque o município tem um plano de segurança de praia durante todo o ano, o que faz com que alguns deles trabalhem todo o ano e não tenham de ficar desempregados", embora para outros a atividade continue a ser sazonal.

A Associação de Salvamento Aquático e Assistência a Banhistas de Portimão (Rocha Rescue) referiu que não tem tido dificuldades na contratação de nadadores-salvadores, devido ao início precoce do recrutamento e ao recurso a profissionais estrangeiros.

Segundo Nuno Fernandes, representante da associação, a antecipação é "fundamental" e a contratação "começa imediatamente após o final da época balnear anterior", uma vez que os planos integrados das concessionárias têm de ser entregues até ao final de março.

O responsável refere que o intercâmbio com o Brasil "permite colmatar o desinteresse dos portugueses pela profissão", uma vez que o inverno no Brasil coincide com o verão em Portugal.

"Assim, trabalham aqui durante cinco ou seis meses e depois regressam para trabalhar o resto do período nos seus países de origem", concluiu.