Como a modalidade não é muito conhecida em Portugal, apenas os adeptos deste belo desporto tinham ouvido falar desta competição.
Curiosamente, uma algarvia participou e ganhou o ouro na categoria de intermédios (adultos)! Parabéns à Caroline Grégoire por este feito! Estávamos curiosos para saber como é que ela chegou lá e encontrámo-nos com ela para uma entrevista.
Quando é que começou a patinar?
Sou natural do Canadá, onde há uma pista de gelo em cada pequena cidade. Quando eu tinha 5 anos, construíram uma no sítio onde eu vivia. Como ficava a 5 minutos da minha casa, era fácil ir até lá e patinar. Comecei a ter aulas desde o início, primeiro em pequenos grupos e, mais tarde, em aulas particulares.
Ao longo dos anos, participei em muitas competições, a nível regional e provincial, por vezes com bons resultados, outras vezes com resultados menos bons! Também passei diferentes níveis de testes em figuras obrigatórias, estilo livre e dança no gelo.
E continuou a patinar ao longo dos anos?
Mais ou menos. Há 30 anos que vivo na Europa: Alemanha, Suécia e agora Portugal. Os meus patins acompanharam-me para todo o lado, mesmo que tenha havido anos em que não patinei. No ano passado, tive de comprar um par novo porque os que tinha há 40 anos (!) já não me seguravam bem nos tornozelos.
Porque é que participou no Campeonato de Portugal deste ano?
Participei nos Campeonatos no ano passado, ganhei a prata e diverti-me imenso! Usei um vestido de 31 anos, patinei com os meus patins de 40 anos e o meu corpo de mais de 50. Reencontrei a atmosfera da competição, uma mistura de stress, excitação, desempenho e também camaradagem. Com certeza, queria repetir este ano: desta vez com um vestido novo, patins novos e o mesmo corpo!
Como o desporto é bastante jovem em Portugal, espero poder inspirar a geração mais nova de patinadores. Como adulta a praticar um hobby que adoro, talvez também possa inspirar as pessoas a começarem ou a continuarem a fazer algo de que gostam.
Como é que treina?
Encontrar gelo no Algarve é muito difícil! Fico sempre feliz quando consigo patinar na pista de gelo do mercado de Natal em Lagoa. Caso contrário, tenho de me deslocar a Viseu ou à Covilhã... 500 km de distância do Algarve. Por isso, treinar para uma competição é um verdadeiro desafio, porque não só é preciso ser capaz de executar os elementos técnicos, como também é preciso preparar e ensaiar uma coreografia.
Para me manter forte, treino com um personal trainer duas vezes por semana. Mais perto da competição, o treino torna-se mais intensivo, com exercícios que apoiam a execução de saltos e rotações, por exemplo, explosividade, aterragem, posição de rotação, etc. Além disso, gosto de fazer alguns exercícios de respiração para me certificar de que consigo atuar sem parar durante os 2:30 minutos da atuação.
E, por último, mas não menos importante, o programa. Com um coreógrafo, tenho ideias que experimento na minha sala de estar e, mais tarde, no gelo. Normalmente, posso fazer o programa completo com a pista toda só para mim algumas horas antes da competição. Durante a minha atuação, também se improvisam algumas coisas!
O que mais lhe agrada neste desporto?
Gosto de sentir o vento na cara quando estou no gelo e de patinar depressa. Adoro apoiar-me numa das extremidades e mover-me ao som da música. Sinto-me livre.
O que me fascina neste desporto é a combinação de capacidades técnicas e artísticas: força e elegância, velocidade e musicalidade, poder e narração de histórias. A meu ver, é o pacote completo!
Quais são os seus planos para o futuro?
Existem campos de treino e competições de patinagem artística para adultos que se realizam noutros países durante o ano. Gostava de participar em alguns deles. Desta forma, posso aprender novas técnicas e inspirar-me noutros adultos que praticam algo que adoram.
Sei que a patinagem artística é um hobby que lhe é muito querido. Em que é que trabalha?
Trabalho como treinador, mentor e orador principal e adoro ajudar líderes motivados nas áreas da liderança, comunicação e resiliência. Ter um passatempo como este é um complemento perfeito para o que ensino.