Entre estes esforços, a Sail in Greece, sediada em Londres, começou a testar gulets movidos a energia solar, com o objetivo de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. A iniciativa surge numa altura em que a Grécia enfrenta pressões crescentes para equilibrar a sua lucrativa indústria turística com a preservação ecológica, em especial em regiões demasiado turísticas como Santorini.
Santorini limita o número de visitantes devido à pressão sobre as infra-estruturas
Santorini, onde o turismo de cruzeiros há muito que impulsiona a economia local, está a implementar um limite de 8.000 visitantes diários a partir de 2025. A decisão surge na sequência de um estudo da Universidade do Egeu que alerta para o facto de o atual volume de turistas - frequentemente superior a 12.000 chegadas diárias - estar a sobrecarregar as infra-estruturas da ilha. O Presidente da Câmara, Nikos Zorzos, sublinhou que a política é "uma necessidade, não uma restrição", citando caminhos sobrelotados, falta de água e queixas dos residentes. Anastasia Vazeou, funcionária de uma loja local, lamentou: "Santorini parece que já não é nossa durante a época alta".
Gulets ganham força como alternativa ao turismo de massas
Os tradicionais gulets de madeira, outrora utilizados para a pesca, são agora o centro da viragem da Grécia para o turismo marítimo de pequena escala. Estas embarcações, que dão acesso a ilhas isoladas como Folegandros e Koufonisia, viram a procura aumentar 30% desde 2022, de acordo com a Câmara Helénica de Navegação. Operadores como a Sail in Greece, a Greece Sailing Adventures e a Blue Cruise Greece dão prioridade a rotas que evitam centros congestionados, ancorando em áreas menos visitadas.
"As guelras oferecem um compromisso - benefícios económicos sem o custo das infra-estruturas dos mega-navios", afirmou o Dr. Alexandros Papadopoulos, investigador marítimo da Universidade do Egeu. A Sail in Greece, que opera 12 gulets, estabelece parcerias com comunidades costeiras para integrar produtos locais e actividades culturais nos itinerários. No entanto, o sector enfrenta obstáculos: o aumento dos custos do combustível, as flutuações sazonais da procura e os custos de conformidade associados aos mandatos de sustentabilidade da UE.
Gulets movidos a energia solar testados em meio a pressões regulatórias
Sail in Greece's pilot program to retrofit gulets with solar panels reflects broader industry adaptation. O Pacto para o Transporte Marítimo Verde de 2024 da UE, que exige uma redução de 40% nas emissões marítimas de carbono até 2030, acelerou este tipo de iniciativas. Embora a co-fundadora da empresa, Mirella Prapa, tenha afirmado que o seu objetivo é "minimizar o impacto ambiental sem comprometer a autenticidade", os analistas alertam para o facto de os custos de adaptação - até 20 000 euros por embarcação - poderem sobrecarregar os operadores mais pequenos.
A Câmara Helénica de Navegação refere que apenas 15% da frota de gulets comerciais da Grécia cumpre atualmente as normas actualizadas da UE. A propriedade da frota, um modelo utilizado pela SailinGreece, permite um controlo mais rigoroso das actualizações, mas continua a ser financeiramente inacessível para muitas empresas familiares.
Concorrência e Desafios num Mercado em Mudança
Enquanto os alugueres de gulets gregos dominam o nicho sustentável, as empresas internacionais de aluguer de iates estão a invadir o segmento de luxo. Os dados do sector revelam um aumento de 25% nos navios de propriedade estrangeira que oferecem viagens ao Egeu desde 2021. No entanto, os operadores locais mantêm vantagens, incluindo parcerias com comunidades insulares e licenças para atracar em baías protegidas.
Entretanto, destinos como Milos e Symi estão a emergir como alternativas a Santorini, com a Sail in Greece e outros a redireccionarem 20% dos seus itinerários para estas áreas. "Descentralizar o turismo é a chave para a sobrevivência", disse um representante da Organização Nacional de Turismo da Grécia (GNTO).
O caminho a seguir: Sustentabilidade vs. Rentabilidade
A GNTO prevê que o turismo marítimo de pequena escala possa representar 35% das receitas totais do turismo na Grécia até 2026. No entanto, para atingir este objetivo, é necessário equilibrar os investimentos em sustentabilidade com a rentabilidade - um desafio à medida que os custos operacionais aumentam. Para já, a mudança para os gulets assinala uma transformação mais ampla. Como referiu o presidente da Câmara de Santorini, "o futuro do turismo grego não é o número de visitantes que atraímos, mas a forma responsável como os gerimos".